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24 coisas que a indústria de alimentos prefere que você não saiba

Ailin Aleixo

13/09/2018 10h20

Delícia, né? A matéria-principal vem dos ossos, restos de couro, ligamentos, tendões e cartilagens de bois e porcos

Dependendo do objetivo pretendido pelo produto, os comerciais mostram o ato de comer como algo romântico, familiar, prático e/ ou ecológico. A publicidade e a indústria de alimentos adoram nos fazer pensar que os queijos são produzidos com leite de vaquinhas felizes que pastam ao por-do-sol e que o bacon estalando na frigideira nunca foi um porco vivo.

O fato é que as partes mais "feias" (também conhecidas como realidade) da produção de alimentos são propositalmente escondidas dos consumidores: manter-nos na ignorância nos impede de fazer escolhas mais sensatas. Nos impede de exigir mudanças. Nos mantém "na linha". Mas graças à democratização da informação e o aumento na produção e distribuição de documentários, fica cada dia mais fácil descobrir o que há por detrás do que a gente come (você já conhece meu canal de YouTube sobre o tema?).

Abaixo, algumas verdades 'inconvenientes' sobre o que povoa seu armário da cozinha e geladeira. E, por favor, não me venha com "ah, não quero nem saber": ignorar não é e nem nunca foi solução pra nada.

Salmão

Porcos

  • Visando 'diminuir o odor da carne' derivado dos hormônios, os leitões entre 7 e 12 dias de vida são castrados sem anestesia, tendo seus sacos escrotais cortados e os testículos removidos.
  • Também tem os dentes cortados ou lixados, sem anestesia, para evitar morderem um aos outros por conta do estresse que sofrem no confinamento – porcos são animais altamente inteligentes e sociáveis.
  • Os leitões são habitualmente separados das suas mães depois de 2 a 4 semanas de vida, e são alojados com outros leitões que não conhecem. Se separados muito cedo, eles chamam pelas mães com sons frequentes e distintos.

  • As porcas passam a maior parte das suas vidas em celas de gestação – tão pequenas, que elas mal se conseguem mexer e muito menos virar-se. São continuamente engravidadas, até que sejam abatidas.
  • Por conta própria, os leitões tendem a ser desmamados com cerca de 15 semanas, mas nas criações industriais são desmamados com 15 dias – com essa idade, não conseguem digerir direito comida sólida, por isso recebem remédios contra diarreia.

Aves

  • Por lei, no Brasil, o adensamento médio de aves é de 32 quilos por metro quadrado. Levando-se em conta que cada galinha atinge cerca de 1600 gramas, temos cerca de 20 aves por metro quadrado.

Granja parceira da marca Seara, em Santa Catarina

  • Não há poleiros – parte do comportamento natural das aves é se empoleirar – e todas ficam no mesmo nível, o tempo todo, sobre o que é chamado de cama de frango.
  • A legislação brasileira não permite a administração de hormônios para as aves. Promotores de crescimento/antibióticos estão liberados.
  • O abate legal no Brasil se dá da seguinte maneira: as aves são penduradas em ganchos, pelos pés, e tem a cabeça mergulhada em água pela qual passa corrente elétrica alta suficiente para desacordá-la e baixa o bastante para não causar danos irreversíveis (hematomas ou morte). "Desmaiada", tem o pescoço cortado, segue para a sangria, para a depenagem em água fervendo e para a retirada dos órgãos internos por uma mão mecânica.
  • As penas viram farinha, componente de ração de animais de estimação.
  • 416 milhões de frangos abatidos por mês no Brasil, o que significa 13.800.000 por dia.

Gado

Vinho

  • Existem  mais de 250 aditivos permitidos por lei na produção de vinho. Eles podem ser usados desde os vinhedos (solo, uva) até o engarrafamento.

Alguns das centenas de aditivos enológicos permitidos por lei no mundo

  • Dá para corrigir a acidez usando ácido tartárico em pó; enzimas diversas podem ser utilizadas para alterar a cor, melhorar a limpidez, abrir ou melhorar os compostos aromáticos e acelerar ou não o envelhecimento; para clarificar, há o Polivinil Polipirrolidona, o PVPP (um composto plástico), usado com o nome de Divergan;  clara de ovo e gelatina são especialmente eficazes na clarificação dos vinhos tintos; a caseína, uma proteína de leite, é usada para clarificar os vinhos brancos e rosados; se o vinho estiver sem cor, existem compostos como o conhecido Mega Purple para aprofundar a cor vermelha no vinho tinto; Bentonita sódica para estabilizar; Ichtyocolle, usado para clarificar, vem bexigas natatórias de peixes…
  • Nenhum dos insumos precisa estar especificado no rótulo. A única exceção é o Anidrido sulfuroso (chamado de sulfito), um conservante.

Cerveja

Lista de aditivos autorizados para uso na cerveja

  • A legislação brasileira libera o uso de muitas substâncias químicas para acelerar a fabricação da cerveja, mais químicos para mascarar o que este processo rápido causou de ruim na bebida e ainda mais químicos para conservá-la e estabilizá-la depois de pronta – e a grande maioria deles não precisa ser declarado no rótulo.
  • Sabe aquela cerveja preta docinha? Então, não leva nada de malte tostado, o que seria o correto. Ela é apenas a cerveja com muito corante caramelo, por isso fica escura e doce.

Sobre a autora

Ailin Aleixo é jornalista, e criadora do mais influente site de gastronomia e turismo gastronômico do país (Gastrolândia) e do canal de jornalismo gastronômico no YouTube, #ptdk. Ocupou o cargo de editora-executiva das revistas VIP, Viagem e Turismo, Playboy e Alfa. Desenvolveu o projeto editorial do roteiro de gastronomia da revista Época São Paulo (2007). Apresentou boletim diário sobre gastronomia nas rádios CBN (2008) e AlphaFM (entre 2015 e 2016). É curadora do FOOD FORUM, o maior fórum sobre comida do Brasil, e palestrante.

Sobre o blog

Foodie-se não é um blog de tendências gastronômicas.Nem de crítica de restaurantes.Nem de novidades, nem de prêmios.Foodie-se é um blog sobre comida e toda sua cadeia: campo, fábrica, pequenos produtores, grandes produtores, bares, restaurantes, animais, plantas, orgânicos, convencionais, chefs de cozinha...

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